terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Brutalidade

Assisti hoje a um vídeo que mostrava um rapaz sendo espancado (no sentido real da palavra) por quatro ou cinco – ou até mais – integrantes do BOPE em uma festa pública, em Maceió. Não sei o que o rapaz fez para merecer tal surra – e de certo merecia mesmo aquela surra que levou –, mas tenho certeza de que a maneira correta de agir não é aquela.
Há alguns meses o filme “Tropa de Elite” pintou nos cinemas brasileiros – anteriormente, passando pelas telinhas brasileiras, em função da pirataria, antes mesmo da estréia nos telões – e deixou o país impressionado, ou, pasmado. Todo esse ‘impressionamento’ gira em torno do tratamento do BOPE, dele com as pessoas, e do treinamento duro, rígido e até desumano para formação daqueles homens para atividades especiais.
Agora, para quem não conhecia o BOPE, sabe que ele não brinca em serviço, literalmente falando. A agressividade, a frieza, a brutalidade definem aqueles homens que sobem os morros mandando bala indirecionada àqueles que realmente fogem às leis, causando tantas mortes acidentais em inocentes nas favelas brasileiras. A maneira cruel de punir os “criminosos” também espanta. O abuso de poder e as sádicas torturas a quem os desafiar, amedronta.
Hoje, vendo este vídeo, senti repulsa. Aquele homem que estava sendo espancado na frente de uma multidão podia ser tudo, menos covarde. Realmente, não precisavam tantos homens a bater numa só pessoa, indefesa e entregue. O rapaz tentava se explicar, esquivar, sem reagir, mas os homens do BOPE continuavam a bater, a dar tapas no rosto, para humilhar mais, e mostrar quem mandava ali. As outras pessoas sentiam medo e tentavam passar o mais longe possível do local, mas a violência tomava proporções de modo que o ‘meliante’ era jogado de um lado para outro, de maneira brutal, que atingia quem nada tinha a ver com aquilo, e era também agredido. Isso não parecia incomodar os homens da lei.
Esse tipo de imagem que vi hoje, de tortura desnecessária, me causa embrulho no estômago. Difícil não falar nada, ficar quieto, ou tentar achar normal.
Em algum momento, os papéis se trocaram e os mocinhos se tornaram vilões.

Sinara Dutra