terça-feira, 31 de março de 2009


O que somos nós afinal?

Quem/quê somos nós? Nós quem/quê? Homens, seres humanos, animais humanos? Sei lá...
Temos, quase todos, duas pernas, dois braços, pés, mãos, cabeça, tronco ao centro de tudo isso, e todo o resto.
Vivemos em lugares diferentes, formamos nações, linguagens, costumes, que se tornam tradições; leis, conceitos de certo, errado, permitido, não-permitido, aceitável, não-aceitável, feio, bonito, censurado, aplaudível, inconcebível!
Usamos de nossa consciência de realidade que nos dá o privilégio de dizermos que "pensamos".
E uma vez que temos a capacidade de "pensarmos", somos melhores que outras espécies, que não "pensam" e nada ajudam para a construção de um "mundo melhor", com prédios acizentados e envidraçados para homens engravatados usarem suas facetas para mascarar o roubo do dinheiro que a tanta gente mata por sua falta. Mas, como dizia o super-homem, ou seu avô, uma vez com capacidades a mais, mais responsabilidades... se tem.
Se gozamos de um privilégio de pensarmos, não deveríamos pensar? Raciocinar? Refletir? Julgar? Ter o senso do direito, legal, correto?
Reconheço que certo, que correto, são questões subjetivas, cada uma tem a sua, porém o direito à vida, à liberdade, deveriam ser questões de consenso entre todos os "racionais". Não?
O massacre que está acontecendo no Canadá não apavora nem choca ninguém. O mundo já está de pernas arregaçadas para o ar há muito tempo.
São mortes e mortes todos os dias.
Gente matando para comer. Gente matando por matar. Gente matando por prazer. Gente matando para viver!
Mas mais este capítulo enojante de homens usando de sua covardia para apauletarem inocentes animais focas a sangue frio, nos dá uma amolecida nas pernas em meio a uma caminhada cansativa e sem fim.
Falo em nome de todos os que juntamente comigo ou aqueles que compartilham e lutam pelos mesmos objetivos que eu: o direito à vida e à liberdade de todos os seres vivos.
Tenho (tento ter) certeza de que qualquer pessoa que assistir aos vídeos que o Peta e tantos meios de comunicação estão exibindo da violenta estupidez lícita contra a vida de milhares de focas no Canadá irá ficar como estou neste momento: enojada, enjoada, em protesto e luto por todos os animais que são mortos diariamente para o prazer, alimentação, vestimenta, esporte ou até mesmo pela falta do que fazer de humanos.
Duvido alguém assistir aos vídeos de abate de porcos, bois, vacas e etc e ainda sentar na mesa minutos depois e se deliciar sem esquecer que aquele alimento carrega em si um sofrimento sem explicação.
Assim, fico sob protesto e luto eterno por todos os animais que já morreram pelas mãos ignorantes dos homens que se dizem superiores por terem a capacidade de pensarem mesmo sem nunca o fazerem.


Sinara Dutra

segunda-feira, 30 de março de 2009

Mente aberta, ABERTA quanto?



Quando se fala em preconceitos nos dias atuais, é perigoso não "correr" para logo dar a sua posição sobre o assunto: Não! Não tenho preconceito algum! O mais engraçado (ou triste) é que no fundo, as pessoas nem sempre sabem o que esta palavra significa. Que pena.
Preconceito, sem olhar no dicionário Aurélio, é quando atitudes, pensamentos, sentimentos, figuras etc, são consideradas ruins, erradas ou feias e assim seres são excluídas do convívio natural, "normal, julgadas no mau sentido apenas por não serem consideradas corretas no senso comum, implicando numa marginalização impiedosa e cruel de quem não compartilha das mesmas opiniões. Perigoso não é correr para se defender sem mesmo ter sido atacado e dizer-se não preconceituoso, mas achar que as massas têm razão em suas palavras, em seus conceitos por quórum ou a força ecoante de um coro colossal.
Ter a mente aberta para o mundo, para a força dos sentimentos; a riqueza de nossas ideias inovatórias, da gana impáfia da quebra dos velhos laços e muros que separam os que se repreendem e os que se libertam para novas experiências, sejam elas quais forem, sem mau algum fazer a outrem, é ter a consciência da valiosa importância de estarmos vivos para gozarmos de nosso prazeres mais instintivos e intensos.

Sinara Dutra

Liberdade! Um conceito, um estado de espírito ou utopia?


A liberdade é algo que está, antes de tudo, dentro de nós. Do contrário, se ela não morar dentro de nossa mente, repousar em nosso peito e acalentar a nossa alma, poderemos procurá-la pelo mundo inteiro, e mesmo assim nos sentiremos presos a algo, alguém, pensamentos, sentimentos, lembranças, dias, horas, nomes, dores...
A liberdade é o sentimento mais importante para um indivíduo, criatura, humana, animal, seja lá o que for.
Quando nos sentimos livres, é como se a vida, as pessoas, o mundo conspirasse para tua felicidade. Como se o peso das coisas fossem fáceis de suportar sobre nossas costas; como se as dores e as incertezas amenizassem-se por uma tranquilidade indizível.
Liberdade = felicidade?
Liberdade = conceito de indivíduo que vai aonde bem entender, sem a ninguém obedecer?
Liberdade = um estado de espírito, que ora vem, ora vai, dependendo de como te sentes ao despertar?
Liberdade é uma condição de vida. Implica em nossas ideias, filosofias, atitudes, na forma como nos relacionamos com as pessoas, os bichos, natureza, e consigo mesmo.
É o pulo pro alto, no nada, é o grito preso na garganta, é o correr a esmo, é obedecer a seus instintos, é o sentir-se forte, invencível, inatingível, poderoso, sabedor de suas vontades, dono do seu tempo e do seu gozo.
Mas a vida não é um passeio pelo parque, morangos na sexta de piquenique, toalha xadrez, maças caindo aos pés da mecieira, pássaros cantando, a grama aconchegando nosso corpo cansado e o ar mais puro para nosso respirar.
A vida é a venda do nosso curtíssimo e mal aproveitado tempo para ganharmos o dinheiro para sobrevivermos.
É a dor que lateja nas noites em que nos encontramos sozinhos; quando a dor só a nós pertence. Quando temos que suportar a alma expremida e comprimida tamanha nossa angústia.
É a solidão, o abandono, a falta de liberdade, do ir, do vir, do ser feliz.
Erramos, roubamos, matamos e prendemos nossos corpos e almas para sempre, figurado e literalmente.
Abrimos mão de nosso livre arbítrio, o livre andar dos nossos corpos para onde quisermos ir, andar a esmo, só por fazer, só por ir. E perdemos, se não o mais importante de tudo, o quase -que dá vazão a todos os nossos males.
Nascemos sós, morerremos sós. Nascemos livres, e nem sempre somos, porém nascemos para assim sermos, TODOS NÓS.
O aprisionamento de quaisquer sentimentos, pensamentos ou ações de nossos "eus" é inadmissível e imperdoável.
Que o mundo e tudo que nele habita seja livre da forma mais intensa possível.
Liberdade de expressão; liberdade sexual; liberdade do seu ser; liberdade para ser quem quiser ser.
Liberdade não é conceito, nem estado, nem utopia, é direito e razão da exitência de qualquer ser que exista.


Sinara Dutra



Sentimentos... livres de preconceitos...


Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida…

Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”

Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, vivo de rastros:“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!…”

(Mandado por Fernanda Chaves)


Florbela Espanca - Livro de Soror Saudade