quarta-feira, 29 de abril de 2009

Viajantes do Porvir

Quem nunca viajou sentado em sua cama numa tarde qualquer? Quem nunca fechou os olhos e imaginavelmente se autotransportou para outro local de sua escolha? Quem jamais provou um sabor em sonhos antes nunca sentido de fato? Quem nunca foi um dia, ao menos, o herói que sempre almelou ser? Aquele que, ainda criança, imaginou se tornar?
Heróis não existem. Paraíso não existe. Príncipes e fadas não são concretos. São ilusões gostosas. Casas com varanda, um jardim, com cachorro correndo e crianças brincando são utopias.
Conhecer o mundo, respirar outros ares, ver outras faces, mergulhar em outros mares. Pôr a mochila nas costas e apenas saborear a delícia de descobrir outras culturas e criaturas. Tão difícil acharmos o tempo e todo o resto de que precisamos para fazermos isso.
Adultos crescem e arrancam as cabeças de suas bonecas tão amadas outrora; adultos crescem e quebram seus bonecos de heróis de plástico. Armam-se para guerra diária; trabalham para sobreviverem; não sonham mais - não conseguem mais nem ao menos a ilusão de um amanhã mais colorido e parecido com aquele que via quando criança.
Mas há aqueles que, não por uma ação deliberada, continuam em um mundo avesso àquele que todos querem lhe mostrar que é preciso ser visto e vivido.
Prendem seus corpos em seus quartos escuros, mas não aprisionam suas mentes a quatro paredes. Viajam mesmo. A mente, a alma, o coração. Voam para águas mais límpidas; praias mais desertas; paisagens mais belas; roteiros mais emocionantes; criam seres mais interessantes; um mundo de brinquedos falantes, onde tudo é arte e música, não há opressão nem censuras, apenas o livre arbítrio de navegar em sensações que os deixam estasiados de tanto prazer, mental e corporal.
E uma vez visitando lugares que servem de refúgios para suas almas desgostosas de um desenho desanimado real, viajam durante momentos em que precisam pular de um mundo a outro, em segundos, como estratégia de sobrevivência.
Os sonhadores de olhos atentos viajam o mundo em suas varinhas mágicas invisíveis. Para sererem mais felizes.

Para Ângela Tagliapietra, a viajandona.


Sinara Dutra

quarta-feira, 22 de abril de 2009


Teatro Mágico
Reticências
Quanta mudança alcança
O nosso ser posso ser assim daqui a pouco não
Quanta mudança alcança
O nosso ser posso ser assim daqui a pouco
Se agregar não é segregar
Se agora for, foi-se a hora
Dispensar não é não pensar
Se saciou foi-se em bora
Quanta mudança alcança
O nosso ser posso ser assim daqui a pouco não
Quanta mudança alcança
O nosso ser posso ser assim daqui a pouco
Se lembrar não é celebrar...
Dura é a dor quando aflora
Esquecer não é perdoar
Se consagrou sangra agora
Quanta mudança alcança
O nosso ser posso ser assim daqui a pouco não
Quanta mudança alcança
O nosso ser posso ser assim
Tempo de dá colo, tempo de decolar
Tempo de dá colo, tempo de decolar
O que há é o que é e o que será
Tempo de dá colo, tempo de decolar
Tempo de dá colo, tempo de decolar
O que há é o que é e o que será
Reciclar a palavra, o telhado e o porão...
Reinventar tantas outras notas musicais...
Escrever o pretexto, o prefácio e o refrão...
Ser essência... muito mais...
Ser essência... muito mais...
A porta aberta, o porto acaso, o caos, o cais...
Se lembrar de celebrar muito mais...
Se lembrar de celebrar muito mais...
Se lembrar de celebrar muito mais...
Tá certo que o nosso mal jeito foi
Vital pra dispensar o nosso bom
O nosso som pausou
E por tanta exposiçao a disposiçao cansou
Secou da fonte da paciencia
E nossa excelencia ficou la fora
Soluçao é a solidão de nós
Deixa eu me livrar das minhas marcas
Deixa eu me lembrar de criar asas
Deixa que esse veraão eu faço só
Deixa que esse verão eu faço só
Deixa que nesse verão eu faço sol
Só me resta agora acreditar
Que esse encontro que se deu
Não nos traduziu o melhor
A conta da saudade quem é que paga
Já que estamos brigados de nada
Já que estamos fincados em dor
Lembra o que valeu a pena
Foi nossa cena nao ter pressa pra passar
Lembra o que valeu a pena
Foi nossa cena nao ter pressa pra passar
Cabô...
Esses caras valem a pena serem vistos e ouvidos. Sua musicalidade e arte e expressão corporal são um verdadeiro espetáculo.

sexta-feira, 17 de abril de 2009


Vida tragicômica


Complicado entender quando essa vida confusa e maluca nos manda um recado através situações nas quais nos encontramos por completo despreparados.

Parece que ela goza de nós. Que ri, que gargalheia. E aí a desgraça parece cômica. A vida, tragicômica. Isso é realmente engraçado.

As pessoas, as mais sérias, comedidas, elas vivem suas vidas inteiras falando em seriedade, censurando as maluquices, as coisas que fogem dos padrões, e isso é um tanto estranho.

Pois a vida é engraçada e maluca. E cá estamos nós, como insetos, parasitas que aqui nos instalamos e nos reproduzimos.

Mas a vida é maluca e por que não podemos ser também? Coisa mais besta, tentar fugir de nosso destino.

Não existe o enlouquecer, já nascemos loucos, porque a vida é louca e por isso o mundo é louco.

Quando dizemos que alguém enlouqueceu, perdeu os sentidos da realidade, ou da consciência, este apenas perdeu os padrões que impunhamos num mundinho inventado por nós e não aquele que nós mesmos carregamos em nossa semente desde quando nascemos. Alguns de nós nos camuflamos, e vivemos uma vida fingida, cínica, e infeliz.

A maioria deixa sua vida louca mostrar a face em alguns determinados momentos, quando se é permitido ser, que não o deixe a imagem de degenerado, impuro ou fútil.

Mas uma pequena parte solta seus músculos e se mostra para o mundo caótico e louco como a vida nos fez e é.

Além de nossas mentes, que carregam uma bagagem de toneladas de ideiais confusas, prolixas e desnexas, temos de lidar com o turbilhão de setimentos difusos do nosso campo emocional.

É muita coisa para um ser só.

Mas o mais trágico, ou o mais cômigo, são as nossas atitudes bobas e maléficas para nós mesmos.

Nos atingimos o tempo todo, e não vemos o que está bem a nossa frente - o nosso bem.

Quero dizer, além de cairmos aqui sem sequer desejarmos, em uma vida que nem sempre escolhemos e colhermos nem sempre aquilo que plantamos, inventamos mais coisas para que tudo fique ainda mais caótico e mórbido.

Mas não somos só nós os tolos.

Os sentimentos são tolos.

Nos fazem babacas, bobos.

Com medo, sem a nossa razão.

Com alegria eufórica, que nos deixa desligados e toscos, cafonas e idiotas.

Amando, desconcentrados, felizes, excitados, tristes, ameaçados, desconfiados e burros.

Vivendo, seresmos assim, todos nós, sem destinção de cor, classe social, sexo, ideais, tamanhos. Somos todos razões e sentimentos, com uma linha tenra de meio termo. Pois estamos vivendo. Não sendo assim apenas não mais aqui vivo, sentindo o pulsar de nossos corações que nunca param de trabalhar.

Somos assim, seres platônicos, egoístas, egocêntricos, sentimentais, recheados de ira, inveja, raiva. E seremos assim mesmo sem querermos.

Do contrário, botaremos uma armadura psíquica em nós e nos fecharemos para o mundo. O benéfico, o maléfico. O gostoso e o dolorido. O risco, a aventura. As dores que nos ensinam a sobreviver e a encontrarmos nossa paz.

A vida está aberta. Nós estamos vivos. A vida é um risco. Portanto estamos sob risco.

Não adianta tentarmos fugir da vida. Nosso destino.

O que é de nossa semente, carregamos conosco, para onde formos.

Fugir não é auspicioso.




Sinara Dutra


quarta-feira, 15 de abril de 2009

Palhaços tristes

Num mundo onde tudo era sério, as pessoas comedidas, em tons de cinza e preto, músicas tristes melancólicas, como as de Maísa, de repente num abrir os olhos para nossa realidade, vemos um colorido que fala por si; uma liberdade que é reparada em cada fala, em cada jesto, em cada olhar.
As músicas falam de sexo, de festas, de alegria. Não existe mais o amor platônico de antigamente, mas as vinganças, consequências de traições amorosas. O próprio amor já não existe mais. Aquele amor que carregava consigo um respeito que desprendia-se de um desejo.
Progredimos em alguns aspectos e regredimos ou pioramos em outros. De fato, estamos aprendendo a andar sozinhos, com nossas próprias pernas. Cada um com seu estilo, cada um com a sua banda. É cada um na sua e deixem pra lá o cada um dos outros, como fala a gíria popular.
Nas outras épocas, a 'coisa pública' não era menos ilícita, apenas menos sabida.
Em algum tempo valioso, derrubamos presidente. Nós, o povo.
Voltando mais no tempo, e muitas vitórias de hoje começaram pelos pequenos e corajosos passos de alguns que deram sua face ao tapa, sem titubear.
E em pleno século XXI, o que de tudo vale, o que de tudo se vê e ouve, o povo ainda se prende a pequenos costumes e caretices que até os antepassados nossos ririam hoje.
Não damos mais pequenos passos para longas caminhadas futuras, como assim fizeram os jovens de outrora; não derrubamos mais presidentes, por mais podres que sejam; nem temos mais a elegância de um tempo que era, sim, em tons de cinza e preto, com canções melodiosas que falavam de amor, o amor verdadeiro, com respeito, cafona e pudico. Nosso mundo é outro.
E que pena não poder ter podido brincar na rua até o anoitecer.
Dormir com a janela aberta, para sentir o vento da madrugada ou olhar a lua cheia até o sono chegar.
Morar numa casa sem grades, sem cadeados; com um jardim cheio de flores e plantas frutíferas.
Respirar o ar puro dos jardins que hoje viraram prédios arranha-céus.
Curtir os Carnavais de antigamente, como minha mãe sempre me narra, com bastante entusiasmo e saudosismo.
As varandas... ah, as varandas...! Existiam varandas enormes nas casas. E todos sentavam ali, e conheciam seus vizinhos, e se cumprimentavam sentados em suas cadeiras de balanço.
Sou de uma geração covarde, medrosa. Destruidora, metida, vaidosa demasiado e ignorante.
Adolescentes bobos com seus narizes de palhaços invisíveis.
Não protestam, não reclamam o que é de seu direito.
Preferem pichar as praças, queimar as matas, se aglomerarem em becos escuros para descontarem em seus corpos e mentes as dores de uma alma sem forças para mudar o que não aceitam.
É mais fácil apagar a luz do que ver o tamanho da merda.
Sinara Dutra

sexta-feira, 3 de abril de 2009


Depoimento de uma, ainda, sobrevivente:


Podem ter certeza, mais do que quase ninguém, também sei como é estar (ou viver?) numa pilha. Sempre esbagaçada... com a cabeça dolorida de tanto pensar nas merdas da vida... eu chego em casa do trabalho e da aula, com a cabeça podre... e apago, simplesmente.


Às vezes, tenho a nítida sensação de que a minha cabeça É podre. Não serve para nada. Inútil.


Sinto-me a legítima "Sofrenilda" - quando consigo vislumbrar um tempinho legal, uma semaninha que "promete" um encontrinho "libertador" com os amigos, acaba sempre havendo um grandessíssimo complô universal arranjando tudo para que não aconteça o tal momento libertador.


Então, eu continuo mais uma semana frustrada, cansada, fodida, esbagaçada, confusa, perdida, angustiada, toda tensa e covarde, mas, sei lá o porquê, com uma maldita e filha da puta esperança de ainda conseguir fazer alguma coisa.


Também me sinto humilhada... e burra... e feia...
Meus colegas são todos inteligentíssimos, verdadeiros gênios, que lêem uma vez um texto de alta complexidade e já saem debatendo... e eu fico me perguntando: "como é que eles entenderam isso????
E como tem mulher bonita em Porto Alegre, né??! Que desgraça! Se eu tivesse nascido no RJ, seria bem mais vantajoso.
E mais: além de ter que acordar todo dia às 6h15min da porra da manhã (manhã...???? Madrugada!), ter que almoçar como um estivador que não almoça há um mês, chegar na aula bufando (e quase regurgitando), passar quase 3 horas por dia no ônibus, ganhar 300 pilas por mês (o que a gente faz com 300 merrécas???), ainda por cima tenho que ouvir de mané playboy que eu "não me dedico mais ao curso porque não quero”.


Ah... sem falar nas constantes dores de barriga e flatulências indesejáveis e extremamente desconfortáveis.


Alguém.

Olha a evolução do homem aí!



Esse é o futuro mais positivo de muitos (meu). Ai... ai... ai...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Loucura: apenas uma questão de ponto de vista!
Mas, para aqueles que 'ainda' pensam que não, 'tentem' ao menos entender(-nos, los):
Hino dos Malucos
Nós, os malucos, vamos lutar
Pra nesse estado continuar
Nunca sensatos nem condizentes
Mas parecemos supercontentes
Nossos neurônios são esquisitos
Por isso estamos sempre aflitos
Vamos incertos
Pelo caminho
Nos comportando estranhos no ninho
Quando a solução se encontra, um maluco é do contra
Mas se vai por lado errado, um maluco vai do lado
Malucos, a nossa vida é dar bandeira
ligando a luz da cabeceira, se a água pinga na torneira
Malucos, a nossa luta é abstrata
já que afundamos a fragata,
mas temos medo de barata
Nós, os malucos, temos um lema
Tudo na vida é um problema
Mas nunca tente nos acalmar
Pois um maluco pode surtar
Os nossos planos são absurdos
Tipo gritar no ouvido dos surdos
Mas todo mundo que é genial
Nunca é descrito como normal
Quando o papo se esgota, um maluco é poliglota
Mas se todo mundo grita, um maluco se irrita
Malucos, somos iguais a diferença
e todos temos uma crença:
seguir a lei, jamais compensa
Malucos, somos a mola desse mundo,
mas nunca iremos muito a fundo
nesse dilema tão profundo
Malucos, a nossa vida é dar bandeira,
ligando a luz da cabeceira,se a água pinga na torneira
Malucos, a nossa luta é abstrata,
já que afundamos a fragata,
mas temos medo de barata!


Os mais malucos: Rita Lee/ Fernanda Young / Alexandre Machado/ Roberto de Carvalho

Vamos brincar!
Nós, seres humanos, adoramos brincar. Realidade. Ponto.
Pouco importa qual o jogo, disputa - quando rola uma besteróide "estamos dentro". Creio que quem lê isto agora é adulto, vivido, e muito já brincou na vida. Se sim, parabéns!
O bom de brincar com adultos é que não prcisamos medir as palavras nem censurar as brincadeiras, porque adoramos (homens e mulheres de todas as idades) uma chacota, jogo ou palhaçada (ahá, não adianta mais esconder, o mundo já descobriu que serás "criança para sempre", hehe) e vais querer fazer parte desta diversão. Não tem jeito...
A brincadeira é assim: Vais pegar uma refeição apetitosa, com ingrediente principal um cadáver de porco (ou porquinho, se tiveres intimidade com o defunto), mas se não tiver, pode ser uma costelinha no forno, picanha, coraçãozinho ou coxinha de galinha, guisadinho, bifinho mal passado 'sanguentinho' etc) e vais deixar ao lado do computador, prontinho e cheiroso.
Eis as regras da brincadeira:

1)Vais resistir à refeição e nada comerá até as próximas instruções do jogo;

2)Vais assistir ao vídeo abaixo, todinho, sem tapar os olhos quando achar a cena muito 'forte';

3)Depois, vais desligar o seu computador e comer todo a refeição, começando pelo porco ou a carne segunda opção ou de sua preferência.

Boa diversão!

Obs: Não vale regurgitar.