sexta-feira, 17 de abril de 2009


Vida tragicômica


Complicado entender quando essa vida confusa e maluca nos manda um recado através situações nas quais nos encontramos por completo despreparados.

Parece que ela goza de nós. Que ri, que gargalheia. E aí a desgraça parece cômica. A vida, tragicômica. Isso é realmente engraçado.

As pessoas, as mais sérias, comedidas, elas vivem suas vidas inteiras falando em seriedade, censurando as maluquices, as coisas que fogem dos padrões, e isso é um tanto estranho.

Pois a vida é engraçada e maluca. E cá estamos nós, como insetos, parasitas que aqui nos instalamos e nos reproduzimos.

Mas a vida é maluca e por que não podemos ser também? Coisa mais besta, tentar fugir de nosso destino.

Não existe o enlouquecer, já nascemos loucos, porque a vida é louca e por isso o mundo é louco.

Quando dizemos que alguém enlouqueceu, perdeu os sentidos da realidade, ou da consciência, este apenas perdeu os padrões que impunhamos num mundinho inventado por nós e não aquele que nós mesmos carregamos em nossa semente desde quando nascemos. Alguns de nós nos camuflamos, e vivemos uma vida fingida, cínica, e infeliz.

A maioria deixa sua vida louca mostrar a face em alguns determinados momentos, quando se é permitido ser, que não o deixe a imagem de degenerado, impuro ou fútil.

Mas uma pequena parte solta seus músculos e se mostra para o mundo caótico e louco como a vida nos fez e é.

Além de nossas mentes, que carregam uma bagagem de toneladas de ideiais confusas, prolixas e desnexas, temos de lidar com o turbilhão de setimentos difusos do nosso campo emocional.

É muita coisa para um ser só.

Mas o mais trágico, ou o mais cômigo, são as nossas atitudes bobas e maléficas para nós mesmos.

Nos atingimos o tempo todo, e não vemos o que está bem a nossa frente - o nosso bem.

Quero dizer, além de cairmos aqui sem sequer desejarmos, em uma vida que nem sempre escolhemos e colhermos nem sempre aquilo que plantamos, inventamos mais coisas para que tudo fique ainda mais caótico e mórbido.

Mas não somos só nós os tolos.

Os sentimentos são tolos.

Nos fazem babacas, bobos.

Com medo, sem a nossa razão.

Com alegria eufórica, que nos deixa desligados e toscos, cafonas e idiotas.

Amando, desconcentrados, felizes, excitados, tristes, ameaçados, desconfiados e burros.

Vivendo, seresmos assim, todos nós, sem destinção de cor, classe social, sexo, ideais, tamanhos. Somos todos razões e sentimentos, com uma linha tenra de meio termo. Pois estamos vivendo. Não sendo assim apenas não mais aqui vivo, sentindo o pulsar de nossos corações que nunca param de trabalhar.

Somos assim, seres platônicos, egoístas, egocêntricos, sentimentais, recheados de ira, inveja, raiva. E seremos assim mesmo sem querermos.

Do contrário, botaremos uma armadura psíquica em nós e nos fecharemos para o mundo. O benéfico, o maléfico. O gostoso e o dolorido. O risco, a aventura. As dores que nos ensinam a sobreviver e a encontrarmos nossa paz.

A vida está aberta. Nós estamos vivos. A vida é um risco. Portanto estamos sob risco.

Não adianta tentarmos fugir da vida. Nosso destino.

O que é de nossa semente, carregamos conosco, para onde formos.

Fugir não é auspicioso.




Sinara Dutra