segunda-feira, 29 de junho de 2009

Somos legais... sério!

Turminha bem doidinha.
Um pouco de nossas nuances. A praia de Tramanda num feriado; festa-surpresa da Fernanda e um ataque de infantilidade num sábado à tarde que invadiu a noite... um domingo no gramado com sol para revitalizar as energias; show das Paquitas; momentos de ilucidez e inutilidade... e os bichos soltos, todos loucos também.




Sinara Dutra

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A segunda perfeição

Se não me engano, a primeira perfeição da vida é a felicidade. É, é sim.
E da mesma maneira como perfeitos, por vezes são, também, raros. Há quem não as conhece. Sorri sem sentir felicidade ou alegria estufando no peito.
A vida é mesmo complicadinha às vezes, e o ser humano mais ainda. Sem falar nos desencontros, contratempos, enganos, erros...
Mas chega um momento na vida das pessoas, acredita a minha imaginação baseada na minha própria vida, que pensamos: "espere um pouco aí garota, cadê aquele sentimento gostoso que provoca gargalhadas fantásticas?".
É mesmo uma tentação não ficar deitado em casa, na cômoda, macia e quente cama do nosso tão íntimo quarto, sofrendo nossas dores e pensando em como somos azarados. Não conseguindo ver que a alegria, efêmera, exagerada ou forçada, seja lá como for, está bem à nossa face.
Um dia, qualquer, algumas amigas numa tarde de final de semana - daqueles que nós escolhemos o que queremos fazer, longe dos comandos dos nossos xerifes diários e indesejáveis - resolveram inventar a alegria que não seria apenas momentânea, mas alegre em todos os instantes em que a obra viesse à tona pelas mãos do criador.
Pois a alegria não foi até elas, estas foram até ela.
Divido a arte para quem tem o humor forasteiro e viajante, conhecedor das besteiróides que rolam numa reunião alegre de bons amigos, que, raramente quando contadas, têm graça fiel do momento.
Galera do Busão. Não é besteira, é obra de arte.



Sinara Dutra

sexta-feira, 19 de junho de 2009

QUERO LIBERDADE

Com o avanço da tecnologia, internet, liberdade de expressão, a não censuras a pensamentos, ideias e filosofia de vida, dentre tantas outras coisas, ganhamos, nós, humanos, o direito que há muito lutaram para conseguir e que, no entanto, só nós, nesta geração desprovida de inteligência podemos gozar. Eu disse, "podemos".
O problema não são as facilidades que recebemos para conquistarmos o que queremos. O problema é não sabermos o que queremos.
Temos mais ferramentas em nossas mãos para subirmos montanhas, das mais altas, do que os de outrora, e mesmo assim preferimos pichar praças, nos drogar e reclamar de coisas nas quais jamais fizemos algo para mudá-las. Tá certo, reclamar é mais fácil. Falar mal da política virou esporte e ser do contra virou moda.
Reclamar de uma liberdade e sentir-se alienado por uma mídia que controla uma maioria burra mostra que, só pelo fato de ter a consciência de estar envolvido por quem nos aliena, não está preso a nada nem a ninguém, exceto se quiser, obviamente.
Liberdade para mudarmos inclusive a alienação do povo também deveria caber a nós. Mas falta a coragem. Principalmente riquinhos que nunca trabalharam e não entendem de nada sobre a repressão de quem paga àquele que obedece para sobreviver.
Se isso for uma submissão dos fracos, como se fosse uma venda de si ao sistema, talvez seja uma boa hora para as coisas mudarem.
Mas quem dará o primeiro passo?
Ditadura para ser livre é pra quem não sabe usar a sua liberdade para mudar o que não presta, abrir a boca e berrar pelos que não falam, e usar as ferramentas certas para alcançar a sua felicidade, mesmo que esta seja triste.



Sinara Dutra

terça-feira, 16 de junho de 2009

O circo diário
Escrevo às 7h30min em um outuno frio de uma manhã cinza que promete sol. Faz 15 graus. Pessoas andando às pressas, subindo e descendo de ônibus lotados e também apressados.
Uma manhã sem graça e, da vida, apenas planos a curtos prazos "almoçarei em casa, talvez no Boteco do Zé". Do resto, quem saberá?
Meus olhos observam os olhares perdidos de quem viaja de pé no balanço do coletivo. Imagino que pensam em suas contas que vencerão ao final do mês.
Aqui, é possível ver as expressões de sono das pessoas, eretas, abraçadas aos ferros de segurança dos carros abarrotados de passageiros.
Posso sentir seus hálitos. Suas baforadas de café; espirros com muco; seus perfumes enjoativos e bons.
Posso ver em suas mochilas, uma quantidade absurda de coisas, o que indica que passarão o dia inteiro fora de casa, por isso levam casacos mais quentes, caso necessário, ou para o anoitecer; comidas em potes, para almoçarem sem custo em restaurantes, mp3 para aguentar as longas esperas e o tempo só, aos pensamentos aleatórios que vão de uma alegria estantânea a uma infelicidade sem razões.
Sou passageira do B56. Me dirigo ao aeroporto, para após pegar o metrô e dirigir-me à minha empresa.
Da janela, posso ver a quantidade de gente dentro de suas roupas, nas calçadas e paradas, uns sorrisos soltos ao ar frio, fazendo com que a temperatura quente da boca provoque uma fumaça branca. E alguns rostos sérios, depressivos, exaustos .
Meu passeio é pura observação. Ali, quentinha, com meus pensamentos soltos e perdidos em minha cuca. Faço da minha viagem monto um álbum de fotografias de rostos e expressões, para distrair-me e não pensar na vida.
As lojas se abrem, aos poucos, ao longo do meu trajeto. As ruas tomam cores, sons. E os coloridos invadem a cidade; mantas, tocas, luvas, mochilas, pastas etc.
Almas em corpos perfeitos e imperfeitos; sonhos, desejos e ânimos distintos, sentados juntos no mesmo banco.
Tudo e todos com suas coisas, na democracia de ir e vir, no ganho de sua sobrevivência.
Sigo meu curso e, de repente, chego a meu destino.
Tudo já está montado. A cidade acordada e suas praças avivadas. O circo todo armado em lonas que não permitem que a tudo vejamos. O circo da vida. Colorido, (des)organizado e tediante quando não trágico.
As surpresas também às vezes aparecem...
Sinara Dutra

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A menina-mulher Fernanda
Ser criança é achar que o mundo é feito de fantasias, sorrisos e brincadeiras; Ser criança é comer algodão doce e se lambuzar; Ser criança é acreditar num mundo cor de rosa, cheio de pipocas; É ser inesquecivelmente feliz com muito pouco; É se tornar gigante diante de gigantescos pequenos obstáculos; Ser criança é fazer amigos antes mesmo de saber o nome deles; É conseguir perdoar muito mais fácil do que brigar. Ser criança é ter o dia mais feliz da vida, todos os dias; Ser criança é estar de mãos dadas com a vida na melhor das intenções; É acreditar no momento presente com tudo o que oferece, é aceitar o novo e desejar o máximo; Ser criança é chorar sem saber porquê; Ser criança é estar em constante estágio de aprendizado, é querer buscar e descobrir verdades sem a armadura da dúvida; Ser criança é olhar e não ver o perigo. Ser criança é ter um riso franco esparramado pelo rosto, mesmo em dia de chuva, é adorar deitar na grama, ver figuras nas nuvens e criar histórias; Ser criança é colar o nariz na vidraça e espiar o dia lá fora; É gostar de casquinha de sorvete, de bolo de chocolate, de passar a ponta do dedo no merengue; Ser criança é acreditar, esperar, confiar; E é ter coragem de não ter medo; Ser criança é querer ser feliz; Ser criança é saber embrulhar desapontamentos e abrir caixinhas de surpresas; Ser criança é sorrir e fazer sorrir; Ser criança é ter sempre uma pergunta na ponta da língua e querer muito todas as respostas; Ser criança é misturar sorvete com televisão, computador com cheiro de flor, passarinho com goma de mascar, lágrimas com sorrisos; Ser criança é errar e não assumir o erro; Ser criança é habitar no país da fantasia, viver rodeado de personagens imaginários, gostar de quem olha no olho e fala baixo; Ser criança é pedir com os olhos; Ser criança é gostar de sentar na janela e detestar a hora de ir para a cama; Ser criança é cantar fora do tom e dar risadas se alguém corrige; Ser criança é ser capaz de perdoar e anestesiar a dor com uma dose de sabedoria genuína e peculiar; Ser criança é andar confiante por caminhos difíceis e desconhecidos na ânsia de desvendar mistérios; Ser criança é acreditar que tudo é possível; Ser criança é gostar da brincadeira, do sonho, do impossível; Criança é saber nada e poder tudo; Ser criança é detestar relógios e compromissos; É ter pouca paciência e muita pressa; E ser criança é, também, ser o adulto que nunca esqueceu da criança que foi um dia; O adulto que consegue se reencontrar com a criança que ainda vive no seu íntimo e mais precioso território; Aquele pedaço que justifica todos os percalços e que dignifica todos os tropeços; A ingenuidade restaurada no dia-a-dia e que o transforma em herói ao reler as histórias de sua própria vida, narradas pela criança que o abraça, nas entrelinhas de um tempo que permanece imutável porque sagrado; O tempo do princípio, da origem, da própria essência.¹
Fernanda é criança, é adolescente, é mulher madura, é humana.
Criatura que, como todos seres humanos, carrega consigo por toda sua tragetória a criança que jamais morrerá dentro de si.
Ser criança é não ter vergonha de se fazer feliz. Ser criança é um dom que todos carregamos por onde formos, até o fim de nossos dias, até a velhice de nossos corpos, e o último sorriso que daremos num rosto castigado pelo tempo de ventanias e invernos com tempestades, que resplende no mesmo infantil e lúdico de um remoto começo.
Sinara Dutra
¹Autor, por mim, desconhecido
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quinta-feira, 11 de junho de 2009

A incrível natureza


Ela nasceu mulher. Batizada com nome de mulher. Vagina, seios, mãos pequenas, útero, placenta, com dom de dar à luz.
Mas não era assim que ela queria viver.
"Não era assim que eu queria ter vindo ao mundo. Não é assim que me vejo, que me gosto. Me sinto mal com meu corpo, me sinto num corpo que não é meu. Quero usar barbas - mulheres não usam. Quero malhar, ter músculos, usar roupas masculinas - mulheres não são assim. Gostaria de ter a voz grossa - mas mulheres não têm. Será que vou ter que viver uma vida inteira sem gostar de mim e ser feliz?"
Deve ser difícil enfrentar um batalhão de críticos, julgadores, juizes e guardiões da ética e da moral que é a verdade do mundo a ser seguida.
Mas esta mulher foi atrás de seu sonho.
Bizarro? Estranho? Nojento?
Pouco importa, a mulher que sentia-se presa numa carcaça que não entendia ser sua, escolheu um caminho diferente para seguir. Está no seu direito, não está?
Agora é Thomas e tem um casamento bem feliz.
Ela vira ele por vontade própria. Se tornou legalmente homem aos 24 anos de idade. Eu reflito, tento chegar a uma conclusão, mas a ideia da minha irmã ainda me vence como verdade: não adianta mudar o sexo, a aparência, o escambau, a pessoa morre como nasce.
No caso de Thomas e a esposa, isso não é problema. São o que querem e se dão o direito de serem. E têm esse direito. Não têm?
Pela incapacidade de sua esposa de engravidar, Thomas usou de seu dom para dar ao casal o fruto que tanto queriam. Thomas, por ainda ter seus órgão genitais femininos, engravidou de sêmen comprado num banco de sêmens e suas fotos publicadas na net causaram um verdadeiro escândalo mundial.
Mas Thomas não se intimidou e agora está grávido de seu segundo filho, que será amamentado pela esposa, assim como o primeiro, não me perguntem como.
Ascendam seus charutos e... viva a vida!


Sinara Dutra

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Vida passageira
Somos, todos nós seres humanos, que vivem, e que morrerão, passageiros de uma vida que jamais teremos o leme por completo em nossas mãos.
Sabemos o que é a felicidade, e vamos, todos, do jeito que pudermos, atrás dela.
Por esta busca, enfrentamos perigos, nos afastamos, nos chegamos para perto, caminhamos e caminhamos, a pé, choramos, sofremos. Tudo isso e muito mais, em busca da tal felicidade, que irá, por fim, justificar a dor infinita e inexplicável da morte, que é o fim de tudo que aqui nesta vida se goza.
A vida, todos falam, é efêmera, passageira, curta, mesmo quando longa.
Ela vem e dali a pouco nos leva com ela.
A vida não tem dono. A vida age por si. Nós é quem pensamos que podemos a controlar.
Nada.
Somos apenas estrangeiros perdidos, à mercê de seus atalhos.
Marionetes no palco da espetacular existência do show da vida.
Há quem acredite inventá-la. Faz planos, sem correr, como se tivesse todo o tempo possível à sua disposição.
Esquecendo-se de que o amanhã nunca chega e que o amanhã, que é o hoje, poderá ir embora e nos levar com ele.
Que um dia morreremos e nada poderemos fazer contra essa regra.
Que um dia nos dispediremos de quem mais amamos e esse poderá ser o último adeus e, pois um dia será mesmo.
Que, definitivamente, não temos o guia dos lugares corretos a perseguir em nossa busca contra o tempo, do relógio da vida, que nunca para de contar nossos minutos nesta viagem na qual o destino é a desconhecida morte, que desentregrará um corpo e calará uma alma cheia de sonhos.
Talvez o melhor seria não planejarmos nossas horas, como se elas existissem, pois não existem. E correr contra o alarme que ameaça tocar e nos apagar daqui.
Alguns atravessam ruas distraídos, outros se encantam pelas alucinações que as drogas lícitas e ilícitas trazem, outros são absorvidos por uma terrível doença, outros fazem suas malas, viajam, veem o céu pela última vez, desta vez mais de perto, e mergulham no imenso oceano profundo.
Seus olhos se fecham.
A viagem acabou.
À todos os passageiros do voo 477, da Air France.

Sinara Dutra


terça-feira, 2 de junho de 2009

O outro lado do muro










Em 1950, o Brasil foi sede para a Copa do Mundo daquele ano. Agora, estamos em obra para mais um mundial. Isso fará milhões e milhões de brasileiros eufóricos. Se gastarão trilhões de reais em obras nos estágios, estradas etc. Mas com tudo, ao final, teremos nossa recompensa: dinheiro dos visitantes estrangeiros com nossa gastronomia, mercado de roupas, artesanatos, hotelaria etc; enfim, produtos brasileiros nas mãos de gringos de todos os lados do mundo.
Em questões financeiras fará bem ao Brasil, um país subdesenvolvido, em ascenção de crescimento, sem dúvida - um país como tantos, do futuro - e que é amado por estrangeiros em função do nosso antigo futebol de nível superior.
Porém, olhando por outro lado, meu lado mais humano, mais crítico, mais olístico - digamos que a visão não é tão positiva.
Num país onde há milhares de pessoas morando nas ruas; não tendo comida em casa; crianças morrendo de frio e desnutrição; gente numa podridão quase definitiva, uma maloca ao lado de bilionários investimentos chega a ser irônico.
Para tantos e tantos projetos que, com muita luta, foram aprovados pelo Congresso Nacional e pelas Câmaras de Vereadores Municipais, a maioria não saiu do papel exatamente por 'dizerem' não haver verba para tal. Agora, para obras milhonárias, se tem.
Como que um país tem tanto dinheiro para fazer uma supercopa e aconchegar centenas de visitantes em total luxo, e não tem COMIDA e MORADIA para seu povo?
O que é mais importante, afinal?
Morar em casebres alagados, frios, sem roupas quentes, sem comida, sem gás, sem dinheiro e ter como visinho um estádio extraordinário onde lá estão homens que ganham por mês o que tu não ganhas em todo um ano de vida de trabalho, chutando bolas e dando autógrafos, deve ser revoltante.
Uma cidade armada para olhos que vêm de longe, querendo ver coisas bonitas, do país do futebol. Tudo bem arrumadinho, como casa de pobre em dia de festa, ou dos relaxados, escondendo as sujeiradas por baixo dos tapetes. Assim, as malocas, as favelas e as vilas ficarão longe das festividades. Deixadas do jeito que são, bem em seus lugares, distantes, para não serem vistos e não estragarem os espetáculos.
Antes de Copas... atendamos nosso povo faminto, cansado de reclamar por uma vida mais digna, seu Presidente.

Sinara Dutra