terça-feira, 2 de junho de 2009

O outro lado do muro










Em 1950, o Brasil foi sede para a Copa do Mundo daquele ano. Agora, estamos em obra para mais um mundial. Isso fará milhões e milhões de brasileiros eufóricos. Se gastarão trilhões de reais em obras nos estágios, estradas etc. Mas com tudo, ao final, teremos nossa recompensa: dinheiro dos visitantes estrangeiros com nossa gastronomia, mercado de roupas, artesanatos, hotelaria etc; enfim, produtos brasileiros nas mãos de gringos de todos os lados do mundo.
Em questões financeiras fará bem ao Brasil, um país subdesenvolvido, em ascenção de crescimento, sem dúvida - um país como tantos, do futuro - e que é amado por estrangeiros em função do nosso antigo futebol de nível superior.
Porém, olhando por outro lado, meu lado mais humano, mais crítico, mais olístico - digamos que a visão não é tão positiva.
Num país onde há milhares de pessoas morando nas ruas; não tendo comida em casa; crianças morrendo de frio e desnutrição; gente numa podridão quase definitiva, uma maloca ao lado de bilionários investimentos chega a ser irônico.
Para tantos e tantos projetos que, com muita luta, foram aprovados pelo Congresso Nacional e pelas Câmaras de Vereadores Municipais, a maioria não saiu do papel exatamente por 'dizerem' não haver verba para tal. Agora, para obras milhonárias, se tem.
Como que um país tem tanto dinheiro para fazer uma supercopa e aconchegar centenas de visitantes em total luxo, e não tem COMIDA e MORADIA para seu povo?
O que é mais importante, afinal?
Morar em casebres alagados, frios, sem roupas quentes, sem comida, sem gás, sem dinheiro e ter como visinho um estádio extraordinário onde lá estão homens que ganham por mês o que tu não ganhas em todo um ano de vida de trabalho, chutando bolas e dando autógrafos, deve ser revoltante.
Uma cidade armada para olhos que vêm de longe, querendo ver coisas bonitas, do país do futebol. Tudo bem arrumadinho, como casa de pobre em dia de festa, ou dos relaxados, escondendo as sujeiradas por baixo dos tapetes. Assim, as malocas, as favelas e as vilas ficarão longe das festividades. Deixadas do jeito que são, bem em seus lugares, distantes, para não serem vistos e não estragarem os espetáculos.
Antes de Copas... atendamos nosso povo faminto, cansado de reclamar por uma vida mais digna, seu Presidente.

Sinara Dutra


Nenhum comentário: