domingo, 20 de novembro de 2011

Tarde de domingo

Fico tentando, mesmo numa tarde vazia de domingo, perder alguns kilinhos. Pensar em algo construtivo, que faça render este dia silencioso.
Não comer muito está prescrito. Tentar estar à disposição para qualquer possibilidade de deixar as coisas mais ajeitadas, na casa, ou na vida em geral, já que nos outros dias não se existe tempo. E como domingo é um dia vago...
Mas eu me sentei em frente ao computador. Pus uma música para ouvir. Não uma qualquer, Open Your Eyes, que tem aquele instrumental absurdamente lindo... aí a vida me bateu no rosto como o vento faz quando estamos em movimento.
Não era domingo coisa alguma. Era a minha vida. Um momento incrível da minha existência, que eu não poderia perder por pensar que era dia de dormir.
Sobre o não engordar... bem, a nossa vida é feita do que quisermos.
Se quisermos ser felizes, seremos.
Se quisermos ser magros, seremos - com sorte de não ter alguma doença grave que a isso empeça.
Mas se quisermos nos permitir a um pouco mais, de tudo, aí teremos uma gordurinha aqui, uma tarde vadia ali, um dia de trabalho intenso, e uma satisfação gigante ao percebermos o quão livres somos ao nos deixarmos ser uma extravagente roda gigante. Alta, perigosa, colorida, enjoativa, mas gostosa, ou mais ou menos assim...
Me senti exagerada nas minhas palavras. Mas mesmo assim, satisfeita com o que externei.
A tarde vai seguir ainda assim... silenciosa, exceto pela música que pus a tocar alta, enquanto todos dormem ou descansam. Agora não me importo com ninguém. De vez em quando, gosto deste sentimento. Do egoismo. Do egoismo.
Só eu, apenas eu e meus sentimentos.
Amanhã é mais um dia para ser de familia, pronta para levar a caneca de chá para a mãe, na cama.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Felicidade

Eu sempre escrevo sobre ela aqui. Eu sei que talvez seja uma fixação. É que eu a acho muito interessante. Não é alegria. Esta é um estado de humor. De espírito.
Ela, a nossa protagonista, é permanente. Ela diz algo de ti. Diz que vais conseguir o que queres.
Enquanto a tristeza se faz essencial para todos. É importantíssima. Ela existe para darmos valor às coisas. Às pessoas. À alegria. À paz que se tem, ou não, em si.
Não a considero uma utopia, não. Mas acho que existe uma grande hipocrisia em torno dela. As pessoas adoram repitir isso diariamente. Falam dela como se fosse algo simples, como se todos nascessem com ela. Mas não. É algo que se constroi.
Tá... eu sei que tem gente que já nasce "superfeliz".... e não importam as "merdas" que aconteçam. Legal. Mas isso não funciona com todo mundo.
Bom... está certo, eu assumo, tenho uma certa (pequena) implicância com esta coisa das pessoas dizerem quase que como uma obrigação que são, e muito, felizes. Imagine dizer o contrário?
É pecado!
Peraí... quem tem obrigação de ser feliz?
Eu sei... eu sempre falo isso aqui. Mas é que isso, apesar de eu por para fora tantas e tantas vezes, ainda está na minha garganta, entalado.
Que coisa mais irritante essa mania que os humanos têm em ficarem discursando sobre felicidade como se fossem as pessoas mais capazes de falar sobre.
E óh, não é feio ser infeliz, não. E se é infeliz muita parte de seu tempo.
Que coisa!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

28 anos

Quantas e quantas coisas prometemos a nós mesmos e não cumprimos...?! Quantos planos, que “desta vez não deixarei de realizar”, que nunca passarão de projetos gostosos de serem criados.


Eu, hoje, não sou mais tão exigente comigo. Sou mais paciente, mais compreensiva. Por que eu tenho que ser tão dura comigo mesma?! Ora, todos à volta são, a vida é, eu tenho que me dar um desconto. Afinal, sou eu quem mais sei de mim mesma, dos meus defeitos (mesmo que não assuma), das minhas qualidades, das minhas manias, desejos. Sei das minhas dificuldades, de minhas fraquezas. Eu não preciso me desculpar de nada. Não preciso me inventar uma desculpa esfarrapada para me livrar de culpa alguma. Simplesmente aprendo (se puder), e deu. Próximo passo.


A verdade é que nunca me senti preparada para mudanças. É péssimo isso. Tenho um certo pavor disso. Sei que preciso ajeitar isso em mim... O fato é que houve algo comigo há alguns anos que fez com que eu mudasse não só minha rotina, como o modo de ver as coisas. Posso dizer que transformou-me em outra pessoa. Sei que isso tudo é meio melodramático – e pensar que já curti essa onda. De repente, ser o centro das atenções... mas por um motivo ruim. Eu não via que isso era terrível para a minha autoestima. Eu sempre me acostumei com pouco. Sempre me contentei com o que tinha. Nunca fui exigente. E isso, talvez, tenha me ajudado a encarar a vida com menos dificuldade que já encontro.


Eu sei que a felicidade é fácil de conquistar, teoricamente. Todo mundo sabe. Até eu. Sorrir a todas as manhãs, não reclamar de nada e agradecer apenas por estar vivo, independentemente do que se tem ou como se está. Mas na prática é mais bonito do que palpável.


Então eu não quero para mim essa obrigação de ficar dizendo a todos que sou feliz. Se estou alegre, todos vão perceber, vou fazer palhaçada e falar porcaria até alguém se incomodar. Se eu estiver triste, também perceberão que perderei o brilho. Mas sempre estarei em alta velocidade nessa estrada que acredito seguir até meu destino. Onde lá está a minha paz e a minha felicidade.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Acostamento

Alguém já chegou ao ponto de ter certeza de que está no caminho certo? Já sentiu-se pleno na vida? Consigo, com os outros?

Eu sou uma grande roda gigante. Subindo e descendo devagar. Causando, às vezes, um grande mal estar. Enjoo. Ânsia.

Fico parada no tempo, de tempo em tempo. A vida ao meu redor é movimento. E eu fico vendo as coisas passarem por mim. Na dúvida de qual direção tomar. Nessa indecisão, eu vejo os anos passarem por mim.

Esse stop que eu dei na viagem está me causando arrepios.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Infância

Lembro-me que quando criança, o colorido das luzes nos parques de diversões me fascinavam. Os pisca-piscas natalinos. O cheiro de bolo de chocolate. Na minha infância, tudo era absorvido com tanta atenção, sentido com tanto apreço. As coisas me fascinavam, me encantavam. Eu era facilmente impressionável. Sorria a algum novo invento. Saboreava as novas músicas e danças pela televisão com a simplicidade de criança. Ria gostosamente com qualquer piada, quando estava feliz. Era fácil estar feliz. Sempre existia alguma brincadeira. Eu brincava!

Cresci e não teve jeito, conheci o outro lado do viver. O lado onde os problemas, as decepções, os sonhos que ficam pelo caminho, a batalha pelo dinheiro que paga a sobrevivência e garante lazeres ocupam a maior parte de nossos pensamentos e ações.

E é triste ver as crianças de hoje não vivendo suas vidas de criança. Amadurecendo tão cedo. Falando como adultos e vivendo toda violenta realidade que me era escondida ou mascarada. Posso dizer que fui protegida do mal. Fui poupada do ruim. Do amargo, do difícil. Devo agradecer à minha mãe por isso, por ter me livrado por algum período dessa morbidez.

Tempo bom aquele em que eu não sabia o que me aguardava.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Amy Winehouse


Em 16 de setembro de 1983, nascia eu. Depois de assistir à minha irmã deixar o espaço em que dividimos por nove meses juntas, fiquei ali por dez minutos, só, sem que ninguém sequer soubesse da minha existência. Dois dias antes, em Londres, nascia Amy Winehouse, exatamente em 14 de setembro de 1983.
Anos depois, assim que ouvi sua voz, foi paixão à primeira ouvida. Uma voz rouca, afinada, intensa. Mas foi com Love Is A Losing Game que eu captei algo a mais. Sentimentos transbordavam das palavras pronunciadas. Parecia que as letras desmanchavam em sua boca. Ela era uma romântica assumida. E foi por causa dessa romântica composição, de uma história vivida por ela mesma, que conheci a autobiografia cantada da vida cheia de amores e desastres de Amy Winehouse. Seu álbum Back to Black é completamente autobiográfico.
Fora ela quem popularizou o jazz. Quem lançou moda ao se vestir de maneira essêntrica, característica de sua personalidade forte e decidida. Quem mostrou o seu talento e a coragem ao subir aos palcos para fazer o que de mais belo sabia. E que, com isso, influenciou a vida de milhares de pessoas pelo mundo todo. Ela dizia: "O que não quero é morrer sem ter contribuído com algo para a história da música". Ela não fez só isso. Fez muito mais.
O fato da Amy compor suas canções com o calor de quem conta os seus males, fez com que as pessoas se identificassem com o que ela cantava. Um dos discos mais vendidos do século 21 fora o seu. Sua música, que conta o íntimo drama da reabilitação, foi a música mais influente do início desta década.
Isso é o que importa. O resto, é resto. O que merece atenção quando o assunto é Amy Winehouse é seu legado musical. Suas canções e sua voz.
Uma voz que não morrerá nunca. Uma voz única.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Pessoas incomuns

Antes de criticar, eu quero deixar uma coisa bem clara aqui: eu sou muito curiosa. E óbvio que me interesso por tudo que é diferente. Certo, agora vou criticar.

Que coisa mais chata o tipo de gente que não se toca e fica encarando, com uma expressão de “o que é isso?”, outras, com alguma deficiência física, mental, ou característica peculiar. Um anão; uma pessoa com roupas sujas, rasgadas ou tênis furado; com alguma anomalia; um obeso.

Eu sei que isso foge do normal. Sei que dá vontade de ficar olhando. Eu também dou uma olhadinha, disfarçadamente, para o que é incomum, é inevitável. Mas sempre procuro não deixar a pessoa ver. Imagino que ela deva sentir-se mal com tantos olhares curiosos. Eu me sentiria.

E tem gente que fica ainda cochichando. É muito constrangedor. Não sei se sou só eu, mas é tão fácil botar-se no lugar do outro!

E mais, o mínimo de educação, de discrição, não é pedir de mais. É o básico.

No mais, desde que o mundo é mundo, há pessoas diferentes, e até raras. Mesmo assim, continuam sendo pessoas, gente, como nós, que também temos nossas particularidades, que também nos fazem distintos de forma singular de qualquer outro ser humano que exista; o nosso conjunto de características nos faz único, e, portanto, completamente diferente dos demais. Acompanharam meu raciocínio?

Hoje peguei o metrô e vi algumas situações que me causaram mal estar, por isso escrevi esse texto, porque precisava botar para fora essa indignação que senti. Que sirva de bem para alguém.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Eu em mim

Às vezes, tento me achar dentro de mim. Parece que eu me perco, quando me dou na telha, dentro do meu corpo.
Fico horas, desesperada, tentando achar algum sorriso meu. E por dias, parece que resolvo tirar férias daqui. Vou pra sei lá onde. Fazer sei lá o quê.
Sempre que retorno em mim, desconheço meu corpo. Logo quero cortar o cabelo, usar roupas novas, falar outras gírias, sentir outros sabores. Compro outro celular, um computador, baixo uma música nova, e experimento uma outra cara. E me mudo um pouco mais outra vez.
Não sei, parece que enjoo de mim. Da minha voz, do meu jeito de pensar. Tomo porre de mim ao ponto de eu me detestar e fugir.
Boto na mochila a bagagem de anos, e sobre os ombros carrego minha vida inteira pelas estradas.
Mas aí vem as noites solitárias, de céu estrelado, brisa suave, clima agradável, e eu recordo dos sonhos passados. Sou eu, bem novinha, sonhos imaturos e sãos; um brilho nos olhos empolgante e muita coragem de ser quem eu sou. E então estou de volta em casa, a velha e boa casa que abriga minha alma.
Um lar modesto, sem luxo, mas com uma imensa varanda que me abriga do sereno quando resolvo dormir olhando as estrelas. Com flores do campo plantados no jardim, que me fazem ver a beleza do mudo além dos horrores do homem.
Essa sou eu, mais uma vez. Unida comigo mesma. Conectada comigo. Eu e meus sentimentos. Confusos. Tímidos. Profundos.
Eu, reinventada a cada dia.. Renovada a cada instante.
Movida por uma vontade absurda de ser, cada vez mais, e definitivamente, feliz.
Simples assim.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Morte aos 27

Com 27 anos, começo a imaginar minha vida findar agora, e começo a pensar em quantas coisas não fiz. Isso tudo porque existe uma boa quantidade de pessoas que brilharam no mundo musical que vieram a perder a vida exatamente na idade em que me encontro hoje. Algumas delas buscaram sua morte, bebendo e se drogando até morrer, outras foram encontradas mortas em piscinas, banheiras, sem muitas explicações. Confesso que talvez fosse triste vê-las hoje em dia, sem brilho algum, buscando palavras bonitas para criar letras pop’s para se alimentar. Mas como saberemos o que elas seriam nos dias de hoje? Será que o fato de elas terem morrido as tornam melhores a nós? Vamos pensar, se Gal Costa tivesse morrido na sua meia idade, ela seria considerada um mito da música brasileira, ou talvez a melhor cantora brasileira de sua geração, e essas coisas todas que se fala quando um artista morre. Mas ela não morreu. Pelo contrário, viveu e cantou, e canta, muito. Gravou mais vários outros discos depois da meia idade, incluindo sucessos marcantes. Mas hoje está aí, na prateleira de cantores esquecidos. E aí ninguém fala que é a melhor disso ou daquilo. O fato é que, 27 é uma idade difícil, eu que sei... e vejamos nossa lista:

O guitarrista Jimi Hendrix morreu de overdose, em 1970, aos 27 anos. A cantora Janis Joplin, também de overdose, no mesmo ano, aliás, poucos dias após, também com 27. Ninguém menos do que Jim Morrison, poeta, vocalista dos Doors, em 1971, morreu de overdose aos 27 anos. O guitarrista Brian Jones, fundador dos Rolling Stones, em 1969, por afogamento, morto aos 27 anos. Kurt Cobain, vocalista e guitarrista do Nirvana, se matou com 27 anos em 1994 com um tiro de espingarda na cabeça. Gary Thain, ex-integrante do Uriah Heep, em 1975, de overdose, aos 27 anos. Robert Johnson, um puta guitarrista de blues dos anos 1930, que morreu quando bebeu uísque envenenado num bar aos 27 anos de idade. Brian Cole, baixista do Associations, com 27, morre de overdose. Alan Wilson, vocalista dos Canned Heat, morre de overdose com 27 anos. E a lista só para aqui porque eu quis. Afinal, aqui sou eu quem mando. Ora, o blogue é meu! To brincando... para por aqui porque a listinha é maior do que a minha paciência.

O que importa é que listei aqui as figuras mais importantes (para mim) que morreram com apenas 27 anos de idade. Espero que a figura mais importante para mim não morra também aos 27.

É isso, se tens 27, se cuide.

Fui!






quarta-feira, 22 de junho de 2011

Felicidade















No amarelo? Do sol?

Ou na violeta... das violetas?

Um arco-íris no céu?

Que cor terá?


Na magia dos sonhos...

Nas canções ou poesias...

Nas manhãs de outono...

No amanhecer de cada dia?


Onde ela está?


Nas esquinas da cidade povoada?

Nas gargalhadas nos botecos às madrugadas,

Ou nas águas profundas do mar?


Na pureza da inocente criança

Ou na malícia do homem sacana?

Nos espontâneos gestos humildes,

Ou nas loucuras das paixões insanas?

terça-feira, 31 de maio de 2011

Música ou poesia

Religasurfe

Enquanto a próxima onda
fico a esperar,
fecho meus olhos,
remo devagar.

No sobe e desce da água,
como um barco a navegar.
Me sinto como um viking,
sem nenhum receio do mar.

Celebro a água, a brisa e o sol,
tudo a me tocar.
E, juntos, nos tornamos um todo,
um só corpo a dançar.

Feliz está minh’alma
que quase chora ao constatar
o quanto de tão pura vida
tenho dentro a pulsar.

Sem saber ao certo como,
sinto a nova série de formar.
Cessam os sons, os pensamentos,
até a gaivota pára no ar.

Tudo parece um sonho,
Daqueles que não se quer acordar.
Mas, abro os olhos, remo para o horizonte,
é hora de tudo recomeçar.

Vanderlei Dutra Filho
(Republicação)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Síndrome do Pânico

"Repentinamente, o coração dispara vindo acompanhado de tontura e falta de ar. Um terrível sentimento de morte iminente sufoca o âmago. Alguns minutos depois, tal estado de extrema ansiedade pode desaparecer, mas a pessoa fica atormentada apenas pela expectativa de que uma outra crise aterrorizante possa ocorrer sem avisar e com a pessoa totalmente indefesa ou vulnerável. É como se ela se sentisse ameaçada o tempo todo, com algo terrível e prestes a acontecer, sem que ela possa prevenir."

Foi mais ou menos isso que eu senti quando voltava para casa após um dia de trabalho, em janeiro de 2005. Devia ser meio-dia, mais ou menos. O sol queimava, de tão forte. Recordo de não ver bem, de o sol ofuscar minha visão e sentir uma tontura, me fazendo cambalear o corpo, que bateu numa grade de uma casa.
A partir daquele dia, minha vida acabou, e outra começou.

Eu mudei. Minha rotina mudou. Minha visão do mundo mudou. Das coisas.
Antes, eu sequer pensava em nada quando me convidaram para simplesmente dar uma caminhada. Eu apenas levantava e ia caminhar. Era mecânico, espontânio, natural. Agora, eu penso, reflito sobre a atividade a qual farei. Em qual lugar andarei, se terão muitas pessoas. Se levarei dinheiro, para caso eu precise comer ou beber algo (fatores como sede e fome me causam crises), tenho que pegar remédios para o caso de uma crise etc.

Parece supersimples falando. Parece que é até exagero. Mas eu queria muito que as pessoas fizessem um exercício(zinho), já que pus aqui minha cara ao tapa, e tentassem, DE VERDADE, lembrar-se ou imaginar-se em uma situação de pânico - uma situação de horror, pavor, não é medo - e sentissem isso por alguns instantes. (Agora). Lembre-se ou imagine o calafrio, o coração disparado, o pavor tomando conta de tudo, corpo, alma, alterando o raciocínio, a percepção de longe, perto, alto, baixo.

Faz anos que convivo com o pânico, quase que diariamente comigo, andando comigo, para onde vou. Já tenho os meus métodos que amenizam os sintomas, mas mesmo assim, veterana, posso assegurar que na hora H, a morte SEMPRE parece iminente.

Quero pedir aqui, também, que as pessoas respeitem mais esta doença. E quero muito dizer algumas coisas:
Primeiro: Síndrome do pânico e depressão não são a mesma coisa e nem sempre quem tem uma, tem a outra.
Segundo: Quem tem síndrome do pânico não é louco, não é lunático, não tem esquizofrenia ou algo assim.
Terceiro: Não banalizem a doença. Não é porque um dia alguém teve fortes dores no peito, por exemplo, pensando ter um enfarto, mas não teve, que ele tem síndrome do pânico. Nem sempre quem não quer sair de casa tem síndrome do pânico. A síndrome do pânico virou moda. Todo mundo hoje "tem" síndrome do pânico. Quando não se sabe o que a pessoa tem, fala-se que a pessoa sofre de síndrome do pânico.
Vou esclarecer: As pessoas, todas, podem ou não ter várias crises de pânico ao longo de sua vida e mesmo assim não sofrerem da síndrome; síndrome do pânico tem aquele que sofre crises quase que ou diariamente. Que muda sua vida em função desse transtorno.
E nunca, nunca diga uma frase como esta: Ai, hoje eu tive uma síndrome do pânico.
Você vai pagar mico!

Fui!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Os anos

Estava eu caminhando hoje pela manhã por longa avenida para chegar ao meu trabalho, quando lembrei de uma fala, de um guru indiano, em um filme, que, quando perguntado sobre sua idade, respondeu: “101, ou 63” (alguma coisa assim), e deu de ombros, sorrindo, como se ignorasse a importância da resposta. E fiquei refletindo sobre isso.

Realmente, que bobagem! Qual a sua idade? É uma das primeiras perguntas que fazemos quando conhecemos alguém. Por que será essa mania? O que há de importante na informação de quando tempo a pessoa está viva?!

Idade, hoje – muito mais do que antigamente –, nada tem a ver com conhecimento, maturidade, inteligência, beleza etc.

E nem mesmo as experiências que a vida nos proporciona nos falam os anos que vivemos. Há gente que nunca saiu de sua cidade, que cultiva rotina simples, e outras que logo chegaram à terra e rodaram o mundo, perderam entes queridos, experimentaram tragédias.

A idade só nos ajuda a tentar “controlar, organizar e programar” nossas vidas. Como se pudéssemos saber quantos anos viveremos... como se tivéssemos controle sobre o que faremos... como se não fôssemos, sempre, surpreendidos a todo momento, fazendo com que mudemos nosso planos a cada hora... como se soubéssemos o que iremos querer no amanhã.

Então, quando estava quase chegando ao meu destino, entendi, ou melhor, lembrei-me o porquê a idade, ou seja, os anos que uma pessoa tem, é tão importante: porque existe a morte!

Não é regra, podemos morrer daqui a um segundo – aliás, quando leres isso, eu mesma poderei não mais estar aqui - , mas partimos, todos nós seres humanos, da premissa de que morreremos velhos. E quanto mais os anos passam, significa que a morte está perto.

Além disso tudo, com a idade, vêm as diferenças hormonal, física e temperamentais...

Confesso que pensar na velhice me assusta... mas isso é papo para outro dia.

Até.