sábado, 6 de março de 2010

Sobreviverá a dor


Nunca sabemos de tantas pessoas mortas quando adultas. Quando crianças, isso é pouco e, muitas vezes, marcante - geralmente.
Mas é passarmos a ter noção do que é a vida, e começamos a ver gente morrer como pulga em pelo de bicho.
A vida vai se indo à nossas vistas. De nada podemos fazer. Apenas lamentar... lamentar... chorar e odiar a vida - amando estar nela.
Milhares de pessoas morrem todos os dias por causas diversas. Ventiladores em agências bancárias caem e matam clientes (ridículo, sua vida acabar assim). O caso pode ser mais profundo, uma doença incurável, daquelas que se sabe o quanto tempo se tem de vida. As despedidas com a famíila, os últimos olhares para o quintal, para o cachorro - que parece tudo entender. Foda-se, acidentais ou não, assim, num piscar de olhos; estralar de dedos; passar de minutos, e, pummm, foi-se alguém que alguém amava pra caramba e que vai sentir muita saudade e nostalgia.
O câncer neste enredo é um vilão... vem matando desde (sei lá, acho, sempre) muita gente mesmo. Muita gente, mesmo! É gente morrendo de todos os tipos de câncer em todos os lugares do mundo.
Silenciosas, te matam devagar, e, às vezes, quando soubes, te dá uma semana. Sem dó. Chance. Dolorida.
Cânceres, vírus, acidentes, não importa o quê, tiram nossas vidas e não devolvem mais. Nos afastam do que chamamos de lar, dos amigos, de quem amamos, de nossos prazeres. Seja lá o que for, como for, é misteriosa e sorrateira. Golpe baixo.
E é pensando nisso que, quando na dúvida, decido, sempre, por valorizar os meus momentos reais de vida. "Amanhã pode ser melhor"... e se esse "Amanhã nunca chegar?". Não posso correr o risco de não fazer a besteira que for por uma "melhor oportunidade". Quê melhor oportunidade e momento que esse, meu (nosso), agora? Existe? Não conheço...
Nesse pensamento, me aventuro nas ações sem consequências conhecidas.
Enfim... mortes são mortes. Sempre há quem vai. E quem fica - para chorar a dor da ausência que ficou. Morte é o vazio de algo. A inexistência do que existia. Pelo menos para nós, humanos, meros humanos, meros humanos estúpidos.
Que venha ela, a cada um, que seja assim. E assim será. E que seja sem dor.

Sinara Dutra

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