sexta-feira, 15 de maio de 2009

Poema de dois

Uma pessoa,
Duas pessoas.
Um lugar,
O paraíso.
Um paraíso,
Nadar nua.
Muito.
Água profunda.
Solidão?
Talvez...
É uma ilha com saudade de barco.
Desejo,
Um porto, sonhando ser mar
... navegar...
É uma boca com sede.
Lucidez,
Uma ponte imóvel...
...infeliz...
É um acesso de loucura ao contrário.
Uma ironia do diabo...
... debochado!
Olhe!
Prefiro sentir...
Paixão,
Imensidão... podridão...
Saciável.
Excitação,
Egoísmo em passos largos... pés descalços...
... corpulenta navegação...
Excitação, quando os beijos estão desatinados pra saírem de sua boca depressa.
Culpa.
... Excitação é um barco à deriva, rumo à infinita imensidão...
Amor,
Cuspe puro de dor, sujo de flor, feio, sem pudor...
Amor é janela batendo com o vento num temporal de verão...
Todo se emociona pra falar de amor...
Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. Não! Amor é um exagero... também não. É um desadoro... Uma batelada? Um exame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?
Talvez por que não tivesse sentido, talvez por que não houvesse explicação, esse negócio de amor não sei explicar...
Amor é maré com raiva, de ondas iradas...
Amor é enxame de abelhas... é picada que mata... é corpo mutilado...
Da mesma maneira que o amor é doce, ele ensina a ser frio, ensina a perder.
Voo livre... sem pretensão...
Aprendiz de lição...
Não apaga nenhuma palavra...
Não paga nenhuma palavra?
Apaga os sinais?
Frio, não?
O amor não apaga nenhuma palavra, ficam todas guardadas.
Palavras frias guardadas num peito quente e terno...
Palavras doces e meigas guardadas em um peito frio e nada terno.


Sinara Dutra e Ângela Tagliapietra