quarta-feira, 8 de julho de 2009

Existência caprichosa

Admito, não sou boa com homenagens. Descobri por esses dias, tentando fazer a algumas pessoas que se foram. Incrível como só fazemos isso para nós mesmos e pro resto desinteressado, menos para o referido.
Mas tenho que admitir, sou justa. Minha maior qualidade talvez, ou, certamente. Sim, sou justa.
Mas não consigo fazer a merda de uma homenagem. Penso eu: Será que as drogas lícitas já me prejudicaram a cuca? Ah, bem... (que situação constrangedora).
Mas eu ainda sou espertinha. Digo, valho alguma nota. Posso esquecer algumas coisinhas... mas as importantes, JAMÉ!
Sim, o que é importante sempre fica... “aquele velho ditadinho...”.
E pra falar mais sobre isso, eu gosto de ditadinhos bobos que falam a real, tipo “a fruta nunca cai muito longe do pé.”.
Pois é... essa é uma coisinha gracinha de se dizer... né? As pessoas nunca vão rebater isso.
“Mais vale um pássaro na mão que dois voando”.
Essa claro que podem rebater. Pois é mais delicada... porque se trata de algo mais pessoal, subjetivo: “‘mais vale uma’ e por aí vai..."... mas, vale pra quem? Vale pra pessoa que está falando! Não é uma coisa abrangente...
E esta: “O tempo é o melhor remédio...”?
Descordo...
Hoje existem tantos "remedinhos" para curar uma dor...
É verdade... (risos). Já era o tempo em que o tempo era o único remédio; existem muitos genéricos e similares hoje em dia. Que o tempo ajuda, é certo. Tá. Até porque, quanto mais nos acostumarmos com algo, mas fácil de lidar com ela vai ser. Não é?
Agora, remédios? Quantos a gente tem que tomar nesse "tempo que não passa"?
Vários... muitos. Muitos mesmo. E quem ganha a fama é o "tempo". Ah, pura mentira! (Droga, já falei que sou justa!).
Bueno, a vida mesmo sem ter que seguir, ela segue... não temos escolha... Não é mesmo?
E refletindo sobre este depoimento, penso: Nossa, como as pessoas falam merda! Falam... sempre e cada vez mais.
E um pensamento horroroso me vem à mente. “As pessoas que falam merda não deveriam ter boca”.
Mas quando digo isso, me deparo com um conflito interno...
E o que é merda? Bom, a maioria diria assim: “O que é merda pra ti, não é merda pra mim, otária!”.
E eu ficaria de boca fechada, assim como aqueles que deveriam não ter boca, segundo eu.
Ah, a vida é uma coisa de doido... e nós nada entendemos. Falar e falar.... quer coisa mais fácil? Não tem!
Basta abrir a boca e as palavras vão saindo... saindo, como um cuspe tomado de vida.... é assim!
Aí a Angel diz: “nós entendemos de muitas coisas, só que as pessoas pegam a parte pra entender o todo, e se pega o todo para entender a parte, por isso que sai muitas bosticas.”
Às vezes, um todo é apenas uma parte. E uma parte às vezes não se encaixa num todo.
Assim, neste dilema de partes que não se encaixam, neste momento, para mim, a morte de Michael Jackson não se encaixa numa noite boa de inverno.
Não importa onde estarei... não estarei bem, não totalmente, porque ele está morto e ele era um cara legal...
Estou calma. É que estou em uma fase que quero aproveitar tudo, ou, reaproveitar tudo... seja lá pro que for e, tentar homenageá-lo é uma tentativa de usar o que já é assunto para o resto, mas em mim ainda sentimento, em um texto que fala de muitas coisas embaralhadas, que nem se encaixam. Mais ou menos uma coisa amontoada e reciclada, que está em moda nos dias modernos.
E é assim como a vida - que levamos empurrando com a barriga - que deixo meu tributo a quem teve boca e a usou com primor.
Sinara Dutra

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